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CAPA

EDITORIAL (pág. 2)
João Ladislau Rosa - Presidente do Cremesp


ENTREVISTA (pág. 3)
Tim Swanwick


LEGISLAÇÃO (pág. 4)
Limites da atuação do médico e do farmacêutico


MAIS MÉDICOS (pág. 5)
As falhas do Programa em São Paulo


SAÚDE SUPLEMENTAR (pág. 6)
Contratualização formal dos médicos


MOVIMENTO MÉDICO (pág. 7)
Plano de Carreira


ENSINO MÉDICO (pág. 8)
Avaliação de egressos


ENSINO MÉDICO (pág. 9)
Opinião acadêmica


PLENÁRIA TEMÁTICA (pág. 10
Trote, preconceito e assédio


EBOLA (pág. 11)
Medidas de precaução


AGENDA DA PRESIDÊNCIA (pág. 12)
Inauguração


JOVENS MÉDICOS (pág. 13)
Falsificação de atestado médico


ANUIDADE 2015 (pág. 14)
Desconto para PJ


BIOÉTICA (pág. 15)
Avanço tecnológico e acesso dos pacientes


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Edição 319 - 10/2014

BIOÉTICA (pág. 15)

Avanço tecnológico e acesso dos pacientes


Tecnologias de ponta distanciam pacientes ricos e pobres?

Dilemas atingem boa parte dos médicos e especialistas em Bioética


Nanomedicina: uso ainda é experimental e laboratorial, com poucos estudos em fase clínica


Em uma de suas visitas ao Brasil, o cientista francês Luc Monta­gnier, Prêmio Nobel de Medicina de 2008, esboçou ponto de vista emblemático ao considerar que “os avanços da Medicina são extraordinários, mas trazem uma dívida social impagável”. Concordando ou não, dilemas em relação às tecnologias cada vez mais sofisticadas disponibilizadas em saúde – e, como consequência, distanciamento ainda maior entre atendimentos prestados aos carentes e aos mais abonados – afligem boa parte dos médicos e os especialistas em Bioética.

As novidades são muitas, e envolvem, entre outras, as áreas cirúrgicas, com procedimentos manipulados por robôs, e de diagnóstico, como o promissor uso de nanotecnologia em medicina, apelidada de “nanomedicina” que asseguram benefícios a uma parcela significativa da população. Mas não se pode ignorar: muitos ficam de fora. “Não se pode satanizar o desenvolvimento, mas também é incoerente endeusá-lo, pois nenhum país do mundo consegue oferecer processos tão caros a todos. O desafio, então, é chegar-se um meio-termo prudencial­ aristotélico”, crê o bioeticista José Eduardo de Siqueira, professor da PUC de Londrina, no Paraná.

Em editorial de 2011 da revista ABCD (Arquivo Brasileiro de Cirurgia Digestiva), focalizando a cirurgia auxiliada por robôs, autores liderados por Carlos Eduardo Jacob, do Hos­pital Oswaldo Cruz, já demonstravam suas inquietações. “Como justificar a compra e a utilização dessa tecnologia em um país com enormes dificuldades econômicas como o nosso?”, questionavam. Em conclusão, defendiam: “tais aspectos devem ser debatidos pelas sociedades médicas e universidades, visando desenvolver recomendações obtidas em consenso”.

Em busca de uma aplicação
Naquele mesmo ano, enquanto nos EUA existiam cerca de 1 mil robôs cirúrgicos em atividade, no Brasil, eles eram restritos a três hospitais particulares de São Paulo, sendo empregados em especialidades como Urologia, Cirurgia do Aparelho Digestivo, Ginecologia, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Tórax e Cardíaca.

Raul Cutait, professor associado do departamento de cirurgia da Faculdade de Medicina da USP, entende que o mundo avança, e as novas tecnologias devem ser bem-vindas, desde que “gradativamente incorporadas”, seguindo um fluxo natural que inclui a participação das instituições no seu desenvolvimento; e, uma vez aprovadas pela comunidade científica, de números para a avaliação de seus impactos. “O problema ético é não serem encontrados caminhos dentro do sistema público e privado para aqueles que realmente precisariam se beneficiar da nova técnica”.

Desde o início, ele e outros colegas “de todo o mundo” consideram o uso do robô como “uma tecnologia em busca de uma aplicação”.

Nanomedicina
Apesar de seu uso limitado a escalas experimental e laboratorial, com poucos estudos em fase clínica, a nanotecnologia (manipulação da matéria numa escala atômica e molecular) aplicada à Medicina tornou-se conhecida pelos médicos, por conta da literatura específica. “Nos EUA, há relatos de vários pacientes sendo tratados com nanopartículas, contendo antitumorais”, explica Valtencir Zucolotto, coordenador do grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia do Instituto de Física de São Carlos, da USP.

Na opinião dele, tecnologias como a nanomedicina não aumentam injustiças e, em consequência, não interferem na ética médica. “A motivação é a de produzir sistemas, dispositivos e técnicas mais eficientes e com custo menor. Ou seja, a intenção é diminuir desigualdades”, assegura.

Salas de procedimentos “inteligentes”, cirurgias robóticas, nanomedicina... Será que novas possibilidades interferem na relação médico-paciente? Para José Eduardo de Siqueira, sim. “A rigor, o uso perverso e insensato dos equipamentos nos distanciou dos pacientes. O médico tornou-se tão dependente deles, que não acolhe o ser biográfico que está à sua frente”, ressalva.

 


 

Ofertas tentadoras

Em uma rápida busca em sites de hospitais de excelência de São Paulo – inclusive instituições públicas – e outros Estados, verifica-se a presença de vários equipamentos e tecnologias de ponta, além de condutas e serviços, apresentados como “diferenciais”.

Há instituições que oferecem desde coração artificial a salas “inteligentes”, com exames radiológicos para claustrofóbicos e obesos; equi­pamentos com ondas infravermelhas, para facilitar o trabalho da equipe de encontrar acesso venoso; tomografias computadorizada de baixa dosagem a portadores de câncer de pulmão; radioterapia que atinge só o lugar do tumor; e equipamentos para microcirurgias em que o feixe de luz de laser é aplicado através de fibra ótica, por endoscopia, entre outros.

O uso de robótica pretende beneficiar pacientes na diminuição da dor e do desconforto no pós-operatório, nas perdas sanguíneas em procedimentos, no menor tempo de permanência no hospital e no retorno mais rápido às suas atividades diárias.

Em nanotecnologia, as técnicas incluem, por exemplo, utilização de sensores retinianos para a melhora da visão; estimuladores cerebrais des­­tinados ao combate de doenças degenerativas cerebrais e desfibriladores portáteis para regularizar fluxo cardíaco.

 


 

Critérios técnicos e éticos

Para o professor Raul Cutait, a criação e a incorporação de novas tecnologias nos dias atuais precisam atender alguns critérios. Entre eles:

  • O benefício proporcionado deve ser real, comprovado por estudos que permitam altos níveis de evidência e graus de recomendação. “Apenas achismos por parte de médicos, impulsionados pelas expectativas da indústria, não devem definir condutas” ;
     
  • Os custos têm de ser “aceitáveis”;
     
  • Sejam vislumbrados novos caminhos e melhores resultados.

 


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