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Saúde com qualidade de vida: desafio do milênio


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Luiz Roberto Barradas Barata, secretário de Saúde do Estado de São Paulo


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Série SUS: a crise nas Santas Casas do Estado de São Paulo


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A polêmica sobre Boletim de Ocorrência após estupro, continua


NACIONAL 2
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O atendimento no Centro de Controle de Intoxicações do Hospital Jabaquara


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HOMENAGEM
Carol Sonenreich, diretor do Depto de Psiquiatria e Psicologia Médica do HSPE


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Edição 212 - 04/2005

HOMENAGEM

Carol Sonenreich, diretor do Depto de Psiquiatria e Psicologia Médica do HSPE


Psiquiatria com toque pessoal

Um dos principais e mais produtivos nomes da Psiquiatria no Brasil, Carol Sonenreich, dirige o Departamento de Psiquiatria e Psicologia Médica do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE). Nascido na Romênia, em 1923, e formado na Faculdade de Medicina de Bucareste, considera-se brasileiro por opção.

Chegou ao Brasil em 1960 para visitar parentes que moravam em São Paulo. Sua adaptação foi rápida e decidiu não voltar mais à sua terra natal: “nunca mais voltei à Romênia e não tenho a menor vontade de voltar. Estou no Brasil há 45 anos e nunca me arrependi da escolha que fiz”, afirma o autor de inúmeros artigos publicados nas mais diversas revistas brasileiras e internacionais. “Sempre gostei de escrever”, ressalta.

Depois de muitos anos de carreira afastou-se da psicanálise freudiana, aproximou-se dos existencialistas e deu um toque pessoal a vários conceitos psiquiátricos como os relativos ao alcoolismo, delírio e esquizofrenia.

“Gostaria que minhas idéias fossem as maiores contribuições dadas para a Psiquiatria”. Para ele, ser médico é ter um “mandato social”, pois suas ações profissionais são reconhecidas pela sociedade de acordo com o conhecimento que possui.

Um formador de médicos
Sob a direção de Sonenreich, o Serviço de Psiquiatria do Hospital do Servidor passou a publicar uma revista de Psiquiatria – “Temas” –, na qual o objetivo era não impor muitas regras para que bons trabalhos fossem divulgados. O serviço recebe, por ano, de quatro a cinco residentes. Sonenreich não sabe ao certo quantos profissionais já foram orientados por ele: “podemos multiplicar 30 anos por cinco residentes ao ano, mais os estagiários”, contabiliza.

É doutor em Psiquiatria pela USP e lecionou na Faculdade de Medicina de Botucatu, mas por não querer deixar a cidade de São Paulo, afastou-se do cargo. A ligação entre a cátedra de Psiquiatria da Faculdade de Botucatu e Sonenreich, no entanto, permaneceu. Todo ano, os residentes daquela faculdade fazem dois meses de estágio no Hospital do Servidor, com a equipe coordenada pelo médico.

Atualmente, divide seu tempo entre o Hospital do Servidor e o atendimento aos pacientes no consultório: “se eu me permiti durante todo esse tempo comprar discos e livros, viajar uma vez por ano, foi com o trabalho do consultório. Eu gosto do trabalho do consultório, mas no Servidor é muito mais complexo e traz muito mais realização porque há esse contato com alunos, com colegas mais jovens”.

Corrente psiquiátrica
Sonenreich diz que hoje, não pertence a nenhuma corrente psiquiátrica: “me interessei muito pela psicanálise freudiana, mas rompi com Freud em um certo momento porque ele não respondia às minhas reflexões teóricas e práticas. Já não respondia a certas necessidades que eu sentia”.

“Afastei-me, mas foi bem difícil, porque tinha investido muito tempo nisso; percebia que não dava resultados, mas achava que eu não era suficientemente bom e decidi estudar mais”. A um certo momento, continua, “vi que essa era uma forma de me agarrar àquela história. Minhas objeções eram de princípio; eu me afastei da noção de inconsciente assim como aparece em Freud”.

As novas fontes buscadas pelo médico foram encontradas junto aos existencialistas, entre os quais cita o escritor francês Jean Paul Sartre e o suíço Binswanger. “Tive que procurar fontes diferentes e as encontrei especialmente nos existencialistas. O tempo todo questionava se entendia bem o que eles propunham”. Por isso, achou necessário fazer algumas adaptações pessoais: “tive que fazer contribuições próprias. Em um certo momento decidi, por exemplo, que não ia usar mais esse conceito de esquizofrenia que todo mundo usa. Foi preciso então substituí-lo e fazer novas propostas a respeito”.

Um novo passo foi dado, esclarece, quando conseguiu achar o elo entre suas idéias: “não sabia claramente o que havia em comum entre meu conceito de delírio, de alcoolismo, de neurose, de depressão. Depois me dei conta de que havia uma base comum, uma estrutura, não era uma coisa isolada. Agora tenho uma visão clara do que é característico, por isso digo que é uma doutrina. É uma brincadeira, mas fiz um encaixe pessoal”.  

Cérebro e mente
Sonenreich acredita que se faz uma abordagem equivocada da interpretação de cérebro e mente: “a Psiquiatria oficial agora é muito mais orientada para o cérebro do que para a mente. Acho isso um equívoco, pois penso que não deve haver separação entre mente e cérebro, e que a mente interpretada como produto do cérebro não é uma coisa inteligente. A abordagem deve ser feita de ambos os pontos de vista”. Cita como exemplo, o alcoolismo: “não é uma doença provocada somente pelo efeito químico do álcool sobre o neurônio, é também pelo modo de viver; ser alcoólico é também um modo de viver diferente”.

Quanto ao crescimento do uso de medicamentos, não vê isso como um problema: “é uma medicalização mal compreendida. A Psiquiatria é um ramo da Medicina, o próprio nome significa medicina da mente, portanto o uso de medicamentos é possível”. Mas reconhece que é economicamente mais fácil realizar estudos com medicamentos: “para estudar um remédio, não é só a indústria farmacêutica que te favorece. Os médicos lidam melhor com isso. Eu acredito que é um falso dilema entre orgânico e psíquico. Não deveria ser feita essa separação”.

Nesta mesma linha, Sonenreich defende que não deveria existir conflito algum entre a Psicologia e a Psiquiatria: “cada profissional deveria usar as ferramentas de sua área para o melhor atendimento ao paciente”.

Da Romênia ao Brasil
Sonenreich optou pela Psiquiatria no terceiro ano da faculdade: “naquele tempo, na Romênia, existia o externato, o aluno era dispensado de freqüentar certos cursos e trabalhava no hospital em alguma especialidade. Entrei na Neuropsiquiatria, escolhi a Psiquiatria dentro desse serviço e continuei assim”.

Seu primeiro trabalho na capital paulista foi na Casa de Saúde Tremembé: “fui aceito, mas não tinha direito de trabalhar como médico, pois precisava revalidar meu diploma”. A necessidade de revalidá-lo para que pudesse exercer a profissão no Brasil obrigou-o a viajar a Recife: “em São Paulo era muito caro; até me informei, mas não tinha dinheiro. Chegar a Recife foi uma coisa meio exótica para mim”. Passou seis meses na capital de Pernambuco, estudando e prestando provas até conseguir revalidar o diploma. Foi na Revista de Psiquiatria de Recife que teve seu primeiro artigo publicado no Brasil. Além disso, conheceu muitas pessoas interessantes, como Gilberto Freire, “um ser humano extraordinário e inteligentíssimo”.

De volta a São Paulo, providenciou sua inscrição no Conselho Regional de Medicina do Estado, e trabalhou ainda na Casa de Saúde Tremembé. No final de 1963 passou a exercer suas atividades como médico no HSPE, em uma época em que ainda não havia serviço de Psiquiatria no hospital: “ingressei no serviço de Neurologia, mas no ambulatório de Psiquiatria”. Foi nesse período que o professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Fmusp), Clóvis Martins, montou o Serviço de Psiquiatria.

Foi nomeado assistente e atribui sua nomeação ao fato de ter sempre pensado em difundir o conhecimento: “Clóvis sabia que sou um bom produtor de trabalho. Ele gostava de dar um caráter acadêmico, era médico com muita prática de universidade e eu dissera a ele que gostava de escrever”.

Com o pedido de demissão do então diretor, Sonen-reich foi chamado para ocupar o cargo como substituto, ficando em caráter provisório por cerca de dois anos, até que foi nomeado oficialmente diretor titular do Serviço de Psiquiatria e Psicologia Clínica.


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