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Cremesp lança a 2ª edição atualizada da obra com as melhores práticas clínicas na infecção

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) promoveu em sua sede, em 3 de abril, a cerimônia de lançamento da 2ª Edição do Manual do Cremesp de melhores práticas clínicas na covid-19. Na ocasião, o livro, ora atualizado e ampliado, foi considerado pelos palestrantes – entre diretores, conselheiros e autores – como um verdadeiro marco na história da pandemia e, mesmo, da ciência médica. 

Disponível a todos os médicos nas versões impressa e escrita, a atual edição se destina a ser um “desfecho” à primeira obra, publicada pelo Conselho no auge da pandemia, em 2020, trazendo dados ainda mais robustos e bibliografia mais abrangente. No evento, fizeram parte do painel de abertura Angelo Vattimo, presidente do Cremesp; Irene Abramovich, 1ª Secretária, e Wagmar Barbosa de Souza, 2º Secretário e organizador da 2ª edição da obra.  Também participaram o psiquiatra Edoardo Filippo de Queiroz Vattimo (online) e a emergencista Maria Camila Lunardi, organizadores da 1ª Edição da Obra, e a infectologista Ho Yeh Li, que abriu a série de lives produzidas pela Casa sobre covid-19. 

Inovação 
Em sua participação, Angelo Vattimo recordou a época em que eclodiu a pandemia da covid-19 “bem recente em termos de Ciência, e muito difícil, pois os médicos não sabiam como a infecção funcionava, nem como detê-la. Infelizmente, naquele cenário, uma parcela dos profissionais enveredou para práticas não embasadas cientificamente”. Ainda assim o Cremesp inovou, ao disponibilizar aulas online com os especialistas mais conceituados em suas áreas, que compartilharam seu conhecimento, dando origem a uma rede de apoio aos colegas de São Paulo e de todo o país. 

Wagmar Barbosa, organizador da 2ª edição e também autor dos capítulos Covid longa e Variantes do SARS-CoV-2, refletiu sobre as origens do livro, vindas bem antes de a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretar o fim da emergência em saúde púbica da doença, em maio de 2023. “Quando a pandemia surgiu, a Casa vivia um momento interno delicado. Foi quando a Dra. Irene (Abramovich) assumiu a presidência e teve que lidar com aquela doença sem precedentes”. Criou-se então um Comitê de Crise formado por conselheiros – como o próprio Barbosa –, que rendeu desdobramentos, como Núcleos Científicos, Hotsite específico, ações concomitantes às “fundamentais lives, organizadas pelo diretor de comunicação à época, Edoardo Vattimo”. 

“A pandemia vai chegar ao Brasil” 
Em sua fala, Edoardo Vattimo recordou o período de incertezas no qual a pandemia se irrompeu no mundo – e como era claro que seria só uma questão de tempo. “Era fato que a covid-19 chegaria ao Brasil e que precisaríamos nos preparar”, afirmou. Surgiu então a ideia de chamar para uma aula virtual Ho Yeh Li, professora da USP que já havia estado na China e se inteirado melhor do assunto. “Essa live teve mais de 150 mil acessos, atingindo profissionais até de fora do país. Outras foram sendo feitas com médicos de várias especialidades, se demonstrando um rico material para um livro”. No evento, Vattimo também mencionou sua atuação na linha de frente de atendimento, quando a variante ômicron despontou nos EUA. 

Maria Camila Lunardi, atual presidente da Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramed) enfatizou, entre outros pontos, que “por mais que se falasse a respeito de zona de guerra, não imaginávamos que enfrentaríamos uma, como foi a pandemia da covid-19. Se pessoas como eu, acostumadas com situações extremas em emergência, ficaram com sensação de terror frente a tudo aquilo, imagine os colegas sem essa experiência”. As duas edições do livro contribuíram com colegas do país, concluiu. Concordou Ho Yeh Li, para quem a iniciativa do Cremesp com certeza, ajudou a reduzir o número de casos e de óbitos. “Vi colegas consultando o Manual da covid-19 nos 15 Estados brasileiros que conheço”. 

Em sua exposição, Ho trouxe várias estatísticas sobre uma doença que, segundo dados da OMS de 2023, acometeu quase 800 milhões de pessoas no mundo, e deixou cerca de sete milhões de mortos “números subestimados entre duas e 19 vezes”, lamentou ela. Além disso, comparou os volumes 1 e 2 do Manual, destacando o acréscimo de capítulos “com os temas mais importantes nesses últimos quatro anos”, que foram Infecções Fúngicas, Uso de ECMO, Covid Longa, Variantes do SARS-CoV-2 e Assistência em Pediatria. 

Como em toda a situação trágica em saúde pública, a covid-19 trouxe alguns aprendizados, como disse Irene Abramovich. Os chamados “hospitais de Campanha”, montados para receber pacientes graves, não tinham qualquer estrutura física, em equipamentos e de pessoal, como verificado em vistorias do Cremesp. “Usava-se o mesmo oxímetro em cinco, seis pacientes em seguida. Víamos doentes graves, tremendo de frio, entre outras calamidades”, lamentou. “Agora é a hora de refletirmos sobre o que fazer, diante de novas emergências desta magnitude, e, ainda, de deixar muito claro que nunca politizar uma doença como foi feito aqui no país, porque isso não auxilia em nada, nem a ninguém”. 

Veja a íntegra deste evento no canal do Cremesp no Youtube  

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Fotos: Osmar Bustos