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CAPA

PONTO DE PARTIDA (pág. 1)
Mauro Gomes Aranha de Lima


ENTREVISTA (pág. 4)
Kerry Sulkowicz


CRÔNICA (pág. 10)
Fabrício Carpinejar*


CONJUNTURA (pág. 12)
Intoxicação alcoólica


DEBATE (pág. 16)
Lei Maria da Penha e a violência contra a mulher


MÉDICOS NO MUNDO (pág. 23)
Denis Mukwege


HOBBY DE MÉDICO (pág. 27)
Vidal Haddad Júnior


GIRAMUNDO (Pág. 30 e 31)
Avanços da ciência


PONTO COM (Pág. 32 e 33)
Mundo digital & tecnologia científica


HISTÓRIA DA MEDICINA (Pág. 34)
Paulo Tubino* e Elaine Alves**


CULTURA (Pág. 38)
Fernando Zarif


GOURMET (Pág. 44)
Kelma Vera Donuetts


MÉDICOS QUE ESCREVEM (pág. 42)
Luiz Carlos Aiex Alves*


FOTOPOESIA (Pág. 48)
Paulo Neruda


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Edição 76 - Julho/Agosto/Setembro de 2016

HOBBY DE MÉDICO (pág. 27)

Vidal Haddad Júnior

Muitas histórias para contar

Dermatologista e professor da Faculdade de Medicina da Unesp,
Vidal Haddad Júnior combina trabalho, pesquisa e hobbies


Vidal Haddad Junior
 

Médico, quase biólogo, pesquisador, violeiro, pescador, poeta, autor de diversos livros, incluindo um de receitas de pescadores; e treinador de futebol, Vidal Haddad Júnior combina trabalho e hobbies. Às vezes, não sabe onde começa um e termina o outro. A propósito, tem como lema a frase “o médico que só sabe de Medicina, nem de Medicina sabe”, do médico português Abel Salazar (1889-1946). Dermatologista e professor da Faculdade de Medicina de Botucatu, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), ele leciona também nos cursos de pós-graduação nas áreas de Zoologia e Medicina Veterinária e realiza trabalhos de pesquisa de animais peçonhentos encontrados em rios e lagos, paixão que descobriu quando criança na cidade de Ibitinga, no Interior de São Paulo. Atualmente, mora em Botucatu.

Filho de um médico ginecologista-obstetra, ele conta que a empatia com os animais fez com que optasse, inicialmente, por estudar Biologia, curso pelo qual é apaixonado, mas que não chegou a concluir porque resolveu mudar para Medicina. A opção deveu-se ao fato de achar que o médico tem maior abrangência e autonomia para realizar pesquisas. E a prática nas duas áreas – medicina e biologia – possibilitou-lhe maior habilidade para classificar o animal, tratar as vítimas de animais peçonhentos e fazer as experiências.

Inicialmente, sua pesquisa direcionava-se aos acidentes causados por animais peçonhentos em geral. Mas, quando constatou que no Brasil não havia estudos sobre animais peçonhentos aquáticos, resolveu estudar essas linhagens, desenvolvendo pesquisas e catalogando novas espécies, atividade na qual foi pioneiro no País.

O trabalho de campo consiste em analisar espécies peçonhentas e também alertar pescadores e banhistas por meio de cartilhas ilustrativas, que, de forma didática, ensinam sobre os primeiros cuidados que devem ser tomados no caso de acidentes com esses animais marinhos. Haddad também publicou livros sobre as espécies aquáticas fluviais perigosas, que reúnem dados estatísticos e terapêuticos. “Há quase 30 anos, fizemos uma parceria com a Prefeitura de Ubatuba para estudar os animais da região. Assim, pudemos descobrir a causa dos acidentes, como e em qual época há maior incidência. Como fruto desse trabalho, foram publicados seis livros em português e um em inglês, que está ficando pronto agora“, explica.



A veia poética, registrada em livro de 1983; e a paixão pela viola que
o levou a integrar a Osquestra de Violeiros de Botucatu
(na foto acima, o primeiro à direita, na fileira do meio)


Suas atividades nessa área fizeram com que o Brasil tenha se tornado o único país no mundo a ter um programa de prevenção para esse tipo de acidente. Referência quando o assunto são espécies aquáticas venenosas, o médico e pesquisador escreve artigos para publicações estrangeiras relatando seu trabalho e as descobertas feitas em seus estudos.

Durante suas expedições, ele já se deparou com um grande número de animais peculiares, mas destaca como alguns dos mais estranhos o peixe-elétrico e, em especial, o candiru, que, atraído pela urina, penetra na uretra ou no ânus dos banhistas que se atrevem a urinar na água, e só pode ser retirado por meio de cirurgia.


O temível candiru, que penetra na uretra ou no ânus
dos banhistas



Pesca, viola e culinária




Elaborar cartilhas que ensinam os primeiros cuidados no caso
de acidentes com animais peçonhentos é uma
das atividades de Haddad

 

Nos longos períodos de convivência com os pescadores, o médico aprendeu muito sobre a cultura do Pantanal, Amazônia, Araguaia e Ubatuba – lugares onde concentra suas pesquisas. Essa aproximação fez com que ele descobrisse aspectos típicos da cultura e costumes, por exemplo, dos caiçaras. “Trabalho na colônia de Picinguaba, em Ubatuba. Ela não sofreu mudanças durante todos esses anos, é um lugar onde se preservaram todos os costumes, as lendas, a culinária... É fascinante”, ressalta. Além de trabalhar, nesses períodos em que frequenta as comunidades, aproveita para exercitar o seu lado artístico, tocando viola junto com os pescadores durante as festas e aproveitando para apreciar a culinária local.

Sua paixão pela viola – começou a tocá-la em Ibitinga – levou-o a integrar a Orquestra de Violeiros de Botucatu. Na sua opinião, o instrumento “é a cara do povo brasileiro e possui características específicas em cada região”. A viola de cocho, por exemplo, é característica do Pantanal, relata. Segundo ele, a competição entre os violeiros gerou até um dito popular: “quem toca melhor é porque fez pacto com o diabo”.

O gosto pela cozinha dos pescadores e o conhecimento dos distintos sabores encontrados nas diversas regiões brasileiras resultaram no livro Repertório Popular de Peixes e Frutos do Mar, que tem mais de 70 receitas típicas dos locais por onde passou. Uma delas é um prato caiçara de Ubatuba e Paraty, o famoso Azul-marinho, iguaria feita com a mistura de banana verde e mandioca. O nome deve-se à mistura do tanino da banana, que dá o tom azul na comida. Segundo a crença popular, acredita-se que, se os recém-casados comerem o alimento na lua de mel, “o filho nascerá com olho azul”.

Sua convivência com as comunidades ribeirinhas fez com que aprendesse muito sobre a utilização de plantas “para a cura de enfermidades”, prática muito comum entre elas. “Só é possível entender uma comunidade, principalmente as mais humildes, se soubermos o que seus membros pensam. O respeito a essa cultura popular não pode ser um hobby para nós, médicos, mas parte de nossa vida”, garante.


Treinador

Não bastassem as diversas atividades, Haddad ainda atua como treinador de futebol, por muito tempo o único esporte com o qual teve contato, por morar em uma cidade interiorana. Os treinos – do time da Faculdade de Medicina de Botucatu do qual faz parte – acontecem duas vezes por semana. Os alunos se preparam para diversas competições, entre elas a Intermed, tradicional competição universitária dos cursos médicos. Orgulhoso, afirma que “volta e meia o time ganha uma medalha”, ressaltando a proximidade essencial com os alunos proporcionada pelo esporte.

Para ele, todas essas atividades são um diferencial para o seu trabalho – as quais pratica com muito prazer – , ciente de que contribuem para o aumento dos seus conhecimentos. “Não são hobbies isolados, mas também instrumentos para se entender o povo com o qual trabalhamos”, conclui.

Colaborou: Caroline Ferrari

 


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